Kaneshige Tōyō: o génio oculto da cerâmica japonesa

O legado de Tōyō Kaneshige: mestre da cerâmica Bizen

Nascido no coração do Japão, em Okayama, Tōyō Kaneshige (1896-1967) não foi apenas um oleiro; foi um pioneiro, um visionário que transcendeu as fronteiras da cerâmica tradicional para se tornar uma lenda. A sua vida e obra estão entrelaçadas com a história da louça Bizen, uma arte antiga que encontrou em Kaneshige o seu maior redentor.

Desde o início do século XX, Tōyō Kaneshige embarcou numa missão: revitalizar as técnicas perdidas da loiça Ko-Bizen do período Momoyama (1573-1615), um estilo que evoca a beleza na sua forma mais pura e natural. Foi na década de 1920 que a sua busca ganhou forma, levando-o a redescobrir e a aperfeiçoar os antigos métodos de preparação do barro, construção de fornos e técnicas de cozedura que tinham definido a grandeza da loiça Bizen.

Em 1956, o governo japonês atribuiu-lhe o título de Tesouro Nacional Vivo, reconhecendo a sua inestimável contribuição para a preservação do património cultural e o seu domínio da arte cerâmica Bizen. Kaneshige não só se dedicou a criar peças que reflectiam a essência da natureza e da simplicidade, como também foi fundamental na fundação da Associação Kōgei do Japão em 1955, promovendo a importância da arte e do artesanato na sociedade moderna.

O seu legado estende-se muito para além das suas criações. Juntamente com contemporâneos como Miwa Kyūwa e sob a égide do grupo de discussão artística Karahinekai, fundado em 1942, Kaneshige foi fundamental para reavivar as técnicas de cerâmica do glorioso período Momoyama do século XVI, marcando um renascimento na tradição cerâmica japonesa que continua a influenciar as gerações futuras.

As obras de Kaneshige encontram-se em colecções públicas de prestígio em todo o mundo, desde o Museu de Arte da Província de Aichi, no Japão, até ao Museu de Arte da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, o que atesta o alcance e a ressonância da sua arte.

Kaneshige Tōyō não era apenas um ceramista; era um filósofo do barro e do fogo, um artista que captou a beleza efémera do mundo natural na eternidade da cerâmica. A sua vida e obra continuam a ser um farol de inspiração, uma lembrança do poder transformador da arte e de como a paixão e a dedicação podem preservar e enriquecer o nosso património cultural para as gerações vindouras.

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