Introdução ao vidrado: um toque final de beleza na cerâmica
A vidragem é a técnica de aplicação de uma camada de substâncias vitrificáveis à cerâmica que, após cozedura num forno a altas temperaturas, derrete para formar uma superfície dura e vidrada que pode ser decorativa, funcional e proteger a peça subjacente.
A arte do vidrado cerâmico
A vidragem em cerâmica é mais do que um passo final na criação de peças de cerâmica; é uma porta aberta para um mundo de possibilidades criativas e técnicas. Este processo envolve a aplicação de uma suspensão de minerais moídos na superfície de peças previamente cozidas, conhecidas como bisque. O vidrado pode ser tanto funcional como decorativo, proporcionando desde uma cobertura impermeável até um acabamento estético único.
De onde vem a cerâmica vidrada?
A origem da cerâmica vidrada remonta ao quarto milénio a.C., com um desenvolvimento lento devido à necessidade de encontrar materiais adequados e tecnologias de cozedura. A faiança do Egipto antigo foi um dos primeiros exemplos de vidrado automático. As peças com um revestimento vítreo surgiram por volta de 1500 a.C., após a invenção do vidro, com técnicas de vidragem no Médio Oriente, no Egipto e na China. Por volta de 100 a.C., o vidrado de chumbo era comum no Velho Mundo. Também ocorreram inovações significativas no Japão e na arte islâmica, onde foram desenvolvidos vidrados de estanho opacificado e argilas de várias cores.
Esta técnica fundamental da olaria, aperfeiçoada ao longo dos séculos, baseia-se na composição e aplicação precisas de materiais cerâmicos, incluindo o vidrado alcalino e a sílica.
Todas as cerâmicas precisam de ser vidradas?
Embora o vidrado seja comum, nem todas as cerâmicas requerem este processo. Materiais como a porcelana e o grés de alta temperatura podem ser vidrados sem a necessidade de técnicas adicionais, enquanto outros, como a faiança, requerem geralmente um elemento vítreo na sua superfície para utilizações funcionais, como os utensílios de cozinha.
Principais componentes do envidraçamento
Um esmalte típico contém cinco componentes básicos ou matérias-primas: sílica, alumina, fundentes, corantes e modificadores. A sílica forma a superfície do esmalte quando fundida, enquanto os outros ingredientes ajustam propriedades como a temperatura de fusão e a opacidade.
A química desempenha um papel crucial, uma vez que a interação dos óxidos com o chumbo e outros elementos determina a qualidade final.
Acrescente-se que a utilização de chumbo é cada vez mais evitada, especialmente se a peça se destinar a utilização alimentar.
Tipos de vidros cerâmicos
Os esmaltes são classificados de acordo com a temperatura de cozedura e o acabamento. Existem esmaltes de baixa, média e alta temperatura, bem como acabamentos brilhantes, mate, semi-brilhantes e acetinados. Cada tipo oferece efeitos estéticos diferentes e nem todos são adequados para utilização alimentar, especialmente os que contêm cádmio ou chumbo.
Alguns artistas utilizam a técnica do vidrado de cozedura única, embora seja mais arriscada e exija mais experiência.
Existem vários tipos de técnicas de vitrificação em cerâmica, cada uma com características e efeitos diferentes. Alguns dos resultados mais comuns são:
- Transparente: Permite ver a argila por baixo, é ideal para realçar as texturas e cores naturais da cerâmica.
- Opaco: Proporciona um acabamento sólido e não transparente, útil para ocultar a argila subjacente.
- Cinza: É criado com cinza de madeira e produz uma variedade de efeitos naturais e orgânicos.
- Celadon: Caracterizado pela sua cor verde pálida e translúcida, é típico da cerâmica asiática.
- Crackle: Fornece uma rede de fendas finas para um efeito decorativo. Um exemplo é o efeito na cerâmica raku.
- Fogo elevado: requer temperaturas elevadas e produz acabamentos duradouros adequados à utilização quotidiana.
- Baixo Fogo: Queimado a temperaturas mais baixas, oferece uma vasta gama de cores vivas, mas é menos resistente.
- Esmalte: Inclui substâncias adicionais para produzir efeitos especiais, como purpurinas ou texturas específicas.
Dicas e truques para um envidraçamento correto
- Compatibilidade entre o barro e o esmalte: É essencial que o esmalte seja compatível com o barro para evitar problemas como bolhas e fissuras.
- Chanfragem correcta: Este passo preliminar é essencial para que o vidrado adira corretamente.
- Evitar manchas de resistência: As loções ou os óleos podem repelir o vidrado, pelo que é importante manter as mãos limpas ao manusear a cerâmica.
- Lixar a cerâmica biselada: Para alisar as arestas e eliminar as irregularidades antes de aplicar o esmalte.
- Limpar bem antes de esmaltar: É crucial remover qualquer pó ou resíduo da cerâmica bisquelada com uma esponja húmida.
- Misture bem o glacé: certifique-se de que obtém uma consistência uniforme, o que pode exigir que a mistura seja coada.
- Manter as bases limpas: A utilização de cera resistente pode ser útil para evitar que o vidrado se cole à base da peça.
- Tomar notas: registar as informações dos nossos “testes” pode ser muito útil para projectos futuros.
A vidragem é mais do que um simples acabamento, é um elemento artístico que transforma as peças de barro. Ao dominarem esta técnica, os ceramistas não só protegem e embelezam as suas obras, como também lhes dão um cunho pessoal e único.
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