Cerâmica de figuras vermelhas: o mistério da sua beleza

ceramica figuras rojas

A cerâmica de figuras vermelhas, que teve origem na Grécia do século VI a.C., revolucionou a arte cerâmica ao “inverter” o estilo das figuras negras. A realização das figuras vermelhas características sobre um fundo preto permitiu obter detalhes mais finos e expressivos, representando cenas mitológicas, históricas e quotidianas.

Cerâmica de figuras vermelhas: uma viagem ao passado grego

Falemos de uma forma de arte que transformou a estética do seu tempo: a cerâmica de figuras vermelhas. Este estilo, que floresceu entre o final do século VI e o final do século IV a.C., marcou uma viragem na arte grega antiga do barro.

Esta técnica, desenvolvida em resposta ao estilo das figuras negras, tornou-se predominante em Atenas a partir do século VI a.C. A sua invenção é atribuída a Andocis e à sua oficina por volta de 530 a.C., marcando um ponto de viragem na arte cerâmica.

Os primeiros artistas a adotar esta técnica fizeram vasos “bilingues”, possivelmente para realçar a diferença entre os estilos preto e vermelho. Um exemplo famoso é o “Aquiles e Ajax a jogar aos dados” do Pintor de Andocides, cerca de 525-520 a.C.

figura vermelha
Gigantomaquia: Batalha entre deuses e gigantes. Esta peça e a da capa são obra da cerâmica da Grécia Antiga.

Uma forma de decoração que permite um maior pormenor

A técnica das figuras vermelhas permitia aos artistas representar mais facilmente pormenores como os panejamentos e a musculatura. Para o efeito, utilizavam-se linhas finas de tinta preta (linhas de relevo) em vez de incisões para fazer os pormenores, o que permitia uma representação mais realista das figuras. Eufrónio e os seus sucessores foram os primeiros a tirar o máximo partido desta técnica, representando o corpo humano de forma realista e fazendo experiências com a perspetiva e a sugestão do espaço. Um exemplo disso é a famosa krater de Eufrónio.

A técnica grega das três fases

A técnica de três fases foi crucial na criação destas obras-primas.
Em primeiro lugar, deixou-se entrar ar no forno, o que fez com que todo o vaso adquirisse a cor do barro.
Na segunda fase, a madeira verde foi introduzida na câmara e o fornecimento de oxigénio foi reduzido, fazendo com que o objeto se tornasse preto no ambiente esfumaçado.
Finalmente, o ar foi reintroduzido no forno, tornando as partes reservadas novamente cor de laranja, enquanto as áreas vidradas permaneceram pretas.

ânfora

Comprar cerâmica de figuras vermelhas

Felizmente, há artesãos que fazem reproduções idênticas às obras de arte clássicas feitas na Grécia antiga e que só se encontram nos museus, tornando-as acessíveis.

Usos e significados

Os vasos pintados eram frequentemente fabricados com formas específicas para utilizações quotidianas específicas: armazenar e transportar vinho e alimentos, tirar água, beber vinho ou água e para ocasiões especiais, como os rituais. Estas decorações pictóricas permitem conhecer muitos aspectos da vida ateniense, complementando os textos literários e as inscrições dos períodos Arcaico e, sobretudo, Clássico.

Evolução artística

Os artistas do chamado “Grupo dos Pioneiros” deram o passo para explorar plenamente as possibilidades da técnica da figura vermelha, ativa entre 520 e 500 a.C.. Experimentaram diferentes possibilidades oferecidas pelo novo estilo, tais como figuras em novas perspectivas, vistas frontais ou traseiras, e composições mais dinâmicas.

A cerâmica com figuras vermelhas não era apenas uma expressão artística, mas também desempenhava um papel crucial na preservação dos mitos e lendas gregos. A cerâmica decorada pelos oleiros gregos incluía ânforas, kylics, kraters e outros tipos de obras de arte em barro.
Estas obras eram cobiçadas e exportadas para todo o Mediterrâneo, contribuindo para a riqueza e o prestígio da cerâmica ateniense durante a sua idade de ouro.

Felizmente, dispomos hoje de uma série de obras bem conservadas que ajudaram a desvendar o mistério da beleza da cerâmica de figuras vermelhas.


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